1 de outubro de 2007

O Dirigente do Culto 2

 

Quanto a Pessoa do Espírito Santo:

Todo dirigente deve ter um entendimento, uma experiência e uma vida sensível ao Espírito Santo. Por que?

Em primeiro lugar, ele deve saber e experimentar que o Espírito Santo é uma Pessoa e não um fluído. A teologia criou uma idéia do Espírito Santo apresentando-o como se fosse um fluído, um vento, uma idéia, apenas. Mas Ele é uma Pessoa, terceira da Trindade, enviado do Pai (Jo 14.16,17, 26; 15.26; 16.7-14).

Em segundo, deve aprender a andar no Espírito. A luta constante entre "carne e Espírito" resulta num conhecimento prático da vida cristã (Rm 8.4-17; Gl 5.16-25).

Em terceiro, deve aprender a ser sensível à voz do Espírito de Deus. Geralmente a sensibilidade é algo que se adquire com o tempo, com a experiência de se viver guiado pelo Espírito. Este aprendizado vem através das provações e dos testes de Deus. As tribulações tornam o nosso espírito mais sensível à voz do Espírito de Deus (Dt 8.2-5; Hb 12.6; Pv 3.12). Também uma vida disciplinada nos habilita a cultivar a comunhão com Deus e a discernir a voz do Espírito (Is 50.4,5)

Em quarto lugar, essa sensibilidade no Espírito nos permite conhecer e ver de "olhos abertos", o que se passa durante as reuniões da igreja (At 5.1-5). Aprendemos a desenvolver a capacidade de "discernir" os espíritos numa reunião da igreja.

Por último, o dirigente do culto pode enfrentar alguns problemas com a congregação que freqüenta.

Costumo fazer as seguintes indagações: a igreja é renovada? Se é, até que ponto é renovada? Os líderes ou pastores são avivados e totalmente comprometidos com o Reino de Deus? Até que ponto esta renovação mexeu com suas estruturas pessoais e ministeriais e até que ponto colidiu com a estrutura da igreja? Todo avivamento colide com as estruturas exigindo algumas mudanças! A hinologia da igreja foi renovada? A igreja tem vida comunitária durante a semana ou não? Isto tudo determinará se o louvor fluirá ou não nas reuniões da igreja. Um dirigente avivado jamais se dará bem com uma igreja fria. Não pode esperar um fluir de Deus no louvor quando a igreja é fria e demasiadamente estrutura em suas reuniões.

Princípios para a adoração de acordo com os levitas

Textos: 1 Crônicas 15.16-21; 16.37-43; 25.1-7; 2 Crônicas 5.12-14

Israel desconhecia, como nação, o verdadeiro louvor e Davi fez três coisas essenciais:

a) Escolheu líderes habilitados para o exercício ministerial;

b) Forneceu a razão ou base inspiracional para todo o louvor e adoração, e (

c) Instruiu o povo na arte de louvar e adorar!

A) A escolha dos líderes

1. Líderes da ordem levítica. Ele escolheu três líderes que representavam três famílias de Levitas descendentes de Arão:

Asafe, da família dos Gersonitas (Gerson, 1 Cr 6.43; levavam as cortinas, as cordas, etc, conforme Números 4.22-28).

Hemã, da família dos coatitas (1 Cr 6.33, cujo cargo era levar o material do santuário, cf Números 4.2-20); Hemã era neto de Samuel, 1 Cr 15.17.

Jedutum, era merarita (1 Cr 6.47, cuja família tinha o encargo de levar o material pesado, tábuas, etc, do tabernáculo, cf. Números 4.29-33).

1) Observe os termos que ele usa: "constituir", "designar" e "separar" (1 Cr 15.16,17, 41,42; 25.1). O tabernáculo ficou dividido: o Santo dos Santos ao lado da casa de Davi, numa tenda, ( 1 Cr 16.37) e o resto do tabernáculo em Gibeon ( 1 Cr 16.38-40).

  1. Davi foi específico na questão da autoridade: Davi era o chefe e os demais chefes sobre seus filhos ( 1 Cr 25.6-8). A autoridade é o principal problema com os músicos da igreja, porque todos nós somos por natureza rebeldes, e quando músicos, mais ainda. O líder dos músicos no reino das trevas é Satanás!

3) Ele tinha um chefe de louvores. Quenanias, devido a sua capacidade "porque era entendido nisso" (1 Cr 15.27). Na igreja, também, temos que saber quem é quem em cada área de trabalho.

  1. Davi pensou numa pluralidade de homens, de talentos e de instrumentos. Era uma equipe com vários talentos ou dons. Hemã, Asafe e Jedutum, "se faziam ouvir com címbalos de bronze" (1 Cr 15.19; 25.1-8). (Os címbalos eram dois meio globos como os nossos pratos de bateria hoje).
  • No vs. 20 temos a equipe que louvava com "alaúdes em voz de soprano"(1 Cr 16.5). Alaúde é uma espécie de violão ou cítara.
  • No vs. 21 temos aqueles que participavam "com harpas em tom de oitava, para conduzir o canto".
  • No vs. 22 temos Quenanias como especialista na área da música e do cântico.
  • No vs. 24 há um grupo de sacerdotes que "tocavam as trombetas perante a arca de Deus" (1 Cr 16.6 e 2 Cr 5.13).

B) O Motivo do Louvor.

Ele estabelece a misericórdia )e tudo o que segue: fidelidade, benignidade) como a motivação principal. Isto é visto em textos como 1 Crônicas 16.34,41; 2 Cr 5.13; 7.3; 20.21. Parece-nos que este foi um dos pontos restaurados na volta do exílio nos dias de Neemias (Ne 12.24).

C) Alegria.

A alegria e o louvor cantados bem alto, era o que Davi ensinava ao povo através de Quenanias! (1 Cr 15.16; 2 Cr 23.18; 29.25-30; 30.21; Ed 3.11; Ne 12.27,43).

  1. Entendemos que os levitas formavam corais responsivos conforme Neemias 12.24,31,37-38.
  2. A celebração diante do Senhor é visto em vários salmos.
  • No Salmo 95 ele fala em celebrar, vitoriar, prostrar-se, ajoelhar-se, etc.
  • No Salmo 96: cantar, proclamar, anunciar, tributar, adorar, alegrar-se, folgar, regozijar-se.
  • No Salmo 99, Deus é Santo e merece ser celebrado com alegria.
  • No Salmo 42,4, Deus é celebrado com "gritos de alegria e louvor".
  • No Salmo 98.6, ele sugere a celebração ao "som de buzinas", juntamente com os outros instrumentos.

D) Conceitos Errados a Respeito do Louvor na Igreja.

  1. Que o louvor é um ministério de alguns líderes, de conjuntos, grupos corais, etc. Muitos pastores não entendem isto e deixam o louvor a cargo de grupos e eles próprios não participam de nada. São bombeiros e múmias.
  2. Que o louvor e adoração estão ligados a grupos especiais de instrumentos musicais, de técnicas corais, etc. Pode-se também louvar e adorar sem qualquer música.
  3. Que o louvor e adoração são blocos dentro do culto e das reuniões da igreja. Sempre vem aquela frase: "agora, vamos à parte mais importante de nosso culto.... a pregação". Esquecemo-nos que o louvor é também um tipo de proclamação.
  4. Que o louvor é somente uma preparação do ambiente para a pregação da Palavra de Deus. Estes são basicamente os quatro conceitos errados sobre o louvor na igreja.

E) Conceitos Errados nos Membros das Igrejas.

  1. Adoração ligada ao conceito de lugar. A mulher samaritana pensava assim (Jo 4.19,20). Não é necessário um templo adornado de vitrais coloridos nem um órgão clássico para despertar em nós a adoração a Deus.
  2. Que o templo é um prédio, único lugar de adoração. A verdadeira casa de Deus somos nós (2 Co 6.17\6; 1 Co 6.19; 3.16,17).
  3. Que o louvor são apenas cânticos e música. Louvor é vida! Se o povo não tem motivo de louvor, se não usufrui diariamente das bênçãos de Deus, se não tem vida, não tem louvor! Podemos cantar 50 minutos sem louvar e adorar.

F) Cada Adorador Deve Ter:

  1. Uma visão da soberania de Deus. Temos que ver a Deus governando sobre a terra, sentado em seu trono de autoridade (Ap 4.2,3; 7.9-17; 20.11,12; 21.3; Is 66.1; 1 Rs 22.19; Hb 1.8, etc.) A questão da soberania de Deus transcende a nossa vontade e aos nossos planos. Nabucodonosor, Esaú, Jacó, Faraó e Moisés viram isto com clareza (Dn 4.1-4, 34-37; Rm 9).
  2. Uma visão da imutabilidade de Deus e do seu caráter. Ele jamais muda. Ele é sempre o que é (Jó 42.2; Ex 3.13,14; Ap 4.8; Hb 1,11,12; Ml 3.6, etc)
  3. Ter uma visão da misericórdia de Deus (1 Cr 21.13; Ex 33.17-23; 34.5-8; Dt 32.2-4).
  4. Revelação e experiência do poder remissor do sangue de Cristo. É por seu sangue e apenas pelo mérito de Cristo que podemos estar diante de Deus (Hb 10.19-22; 9.13,14, 19-22; 10; 1 Jo 1.7,9; Ap 1.5, etc).
  5. Precisamos adquirir percepção do mundo espiritual como Eliseu e Aías (2 Cr 5.26, Eliseu e Geazi; 6.12-23, Eliseu e o rei da Assíria; 1 Rs 14.4,5 o profeta Aías e Jeroboão). João via a tudo o que acontecia nos céus (Ap 4 e 5); Paulo via a natureza sofrendo e gemendo (Rm 8.21-23).

Maneiras Práticas de Louvar e Adorar

Há sete palavras no hebraico para louvor que podem ser usas de maneiras diferentes em nossas reuniões.

1. Halal. Jactar-se, entusiasmar-se. Alegria explosiva na hora do louvor (a palavra aleluia vem de halal). Há no Talmude a alusão de "lançar fora o iníquo" (Sl 117.1).

2. Yadah. Agradecer, reconhecer a alguém publicamente, estender a mão, adorar com as mãos levantadas (2 Cr 20.19-21).

3. Baraque. Abençoar, inclinar-se, ajoelhar-se em adoração (Sl 103.1,2).

4. Zamar. Dedilhar cordas, fazer musicas para Deus. É um verbo musical para louvor.

5. Shabach. Falar bem, adequadamente em alto estilo. Significa discursar num alto tom, gritar, dar ordens de triunfo (Sl 117.1).

6. Tefilah. Interceder por alguém, súplicas, hino (Is 56.7).

7. Towdah. Ações de graça. Tem o sentido de erguer as mãos em agradecimento; sacrifícios de louvor (Sl 50.23).

Há muitas outras maneiras de louvar. Eis algumas delas:

Caminhando e Marchando

· "Todo lugar que pisar a planta de vosso pé vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés" (Js 1.3).

A marcha que Josué e o seu exército fizeram ao redor de Jericó é um tipo de intercessão. É exemplo de persistência na intercessão. Quantos de nós paramos de orar, quando faltava apenas mais uma volta para derrubar os muros?

Marchar assim ainda é eficaz em nossos dias como antigamente. Marchando em Sta. Maria.

Um outro versículo que fala de marchar é o Salmo 48.12: "Percorrei a Sião, rodeai-a toda".

Pisando

· "Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca (pisa) aos pés os nossos adversários" (Sl 108.13).

"Eis ai vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano" (Lc 10.19).

Pisar é como marchar só que de maneira mais agressiva. Se quando marchamos marcamos nosso território, ao pisarmos detemos a ação do inimigo. Naquela reunião de oração que acabei de mencionar, eles não apenas marchavam, pisavam! O Salmo 44.5, diz: "Com o teu auxílio vencemos os nossos inimigos: em teu nome calcamos (pisamos) aos pés os que se levantam contra nós".

Cantando

· "Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra festa santa; e alegria de coração, como a daquele que sai ao som da flauta para ir ao monte do Senhor, à Rocha de Israel. O Senhor fará ouvir a sua voz majestosa, e fará ver o golpe do seu braço, que desce com indignação de ira, no meio de chamas devoradoras chuvas torrenciais, tempestades e pedras de saraiva" (Is 30.29,30).

Batendo Palmas

· "Batei palmas, todos os povos; celebrai a Deus com vozes de júbilo" (Sl 47.1).

A palavra "bater" nesta passagem é tecae: tinir, bater, golpear. (4)

Ezequiel 6.11, diz: "Assim diz o Senhor Deus: Bate as palmas, bate com o pé".

Bater palmas na Bíblia não somente está associado ao louvor mas à guerra. Esta é também uma maneira de quebrarmos as cadeias.

Gritando

· "Gritai contra ela, (Babilônia) rodeando-a; ela já se rendeu..." (Jr 50.15).

"Os homens de Judá gritaram; quando gritavam feriu Deus a Jeroboão e a todo o Israel diante de Abias e de Judá" (2 Cr 13.15).

"E sucedeu que, na sétima vez, quando os sacerdotes tocavam as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai; porque o Senhor vos entregou a cidade" (Js 6.16).

O que teria acontecido se o povo não gritasse? Certamente os muros ficariam intactos e o povo não teria vitória.

Rindo

O riso é uma arma extremamente poderosa e até mesmo necessária como parte das manifestações da intercessão. Como intercessores ouvimos tantos problemas e necessidades durante o dia que quase ficamos arrasados. Basicamente há dois tipos de risos no louvor intercessório:

(1) Proteção pessoal e saúde emocional.

(2) Nas guerras contra o diabo e suas forças. Ainda que tenha falado um pouco sobre eles, quero deter-me no assunto outra vez.

1. Proteção pessoal e saúde mental. Freqüentemente os intercessores compartilham do peso e das necessidades das pessoas que os fazem sentir-se atônitos e cansados. O riso é uma salvaguarda importante contra a opressão na intercessão.

Pode parecer-lhe estranho, mas Deus capacitou-me com a graça de rir no meio das dificuldades. As vezes gosto de ler as piadas de Seleções (Reader’s Digest) Afinal, Provérbios diz que: "O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate" (Pv 15.13).

O que o riso tem a ver com o louvor intercessório? Ele quebra o poder do inimigo que procura se abater sobre você no meio da batalha. A depressão dilui suas forças espirituais. Alguns estudos científicos atestam o poder medicinal do riso. As risadas profundas oxigenam o sangue produzindo mudanças físicas significativas.

2. Na guerra contra Satanás e suas forças. Rir é zombar do inimigo. O Salmo 37.12,13 diz: "Trama o ímpio contra o justo, e contra ele ringe os dentes. Rir-se-á dele o Senhor pois vê estar-se aproximando o seu dia".

Alegria

A alegria e o riso estão interligados na intercessão. Como falei anteriormente, a alegria é parte fundamental de nossa intercessão, pois dá-nos força para a batalha. O Salmo 149.2 diz: "Regozije-se Israel no seu Criador, exultem no seu Rei os filhos de Sião".

Joy Towe em seu livro, Praise Is (O Louvor É) diz o seguinte:

· "A palavra hebraica para alegria nesta passagem é guwl, rodopiar, rodar o corpo (sob a influência de fortes emoções). A palavra Guwl está também em Sofonias 3.17: "O Senhor teu Deus está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo". (5)

A tradução de "regozijar-se-á em ti com júbilo" é que o próprio Deus fica dando voltinhas de alegria ao seu redor sob forte emoção!

Nossa idéia de alegria é diferente do que esta passagem quer dizer. Estamos acostumados àquela alegria silenciosa, não nos expomos nem fazemos barulho. A alegria que sentimos durante a intercessão pode variar de uma explosão de gritos de prazer a momentos de reverência silenciosa!

Jesus alegrou-se no Espírito com a vitória que os discípulos tiveram sobre os demônios: "Naquela hora exultou-se Jesus no Espírito Santo" (Lc 10.21). Tal regozijo é pular de alegria com exultação! A alegria afasta o espírito pesado liberando-nos de toda opressão.

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Pr. João A. de Souza Filho
É pastor graduado em teologia pelo Instituto Bíblico de Pindamonhangaba, SP. Pesquisador nato, tradutor e escritor, já produziu e publicou muitos livros sobre assuntos doutrinários e contos.
Mora com sua família na cidade de Porto Alegre, RS. Também faz conferências pelo brasil e exterior em diversas denominações.

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